Por que o E30 é essencial na transição energética do Brasil
17 de junho de 2025
Por Evandro Gussi
A transição energética da mobilidade no Brasil passa, inevitavelmente, pelo etanol – seja puro ou misturado à gasolina. Segundo maior produtor mundial do biocombustível, o país tem em mãos oportunidade concreta de avançar na descarbonização do transporte.
Nesse cenário, a adoção do E30 – gasolina com 30% de etanol – se apresenta como uma solução eficiente, viável e estratégica. Essa medida contribui para reduzir emissões, ampliar o uso de combustíveis renováveis, fortalecer a segurança energética e impulsionar a competitividade da indústria nacional.
A experiência brasileira com o etanol é referência global. Desde o lançamento do Proálcool na década de 1970, o setor evoluiu significativamente. Em 2024, a participação do etanol no mercado de combustíveis leves foi de 45,6%, evitando a emissão de 48,6 milhões de toneladas de CO₂. Ainda assim, há muito espaço para avançar. Elevar a mistura para 30% poderia reduzir em até 1,7 milhão de toneladas as emissões anuais de CO₂eq, além de gerar impactos positivos na balança comercial, no emprego e na renda da população.
Um estudo encomendado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) ao Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) indica que os veículos calibrados para rodar com E27 monocombustível têm plena capacidade de adaptação ao E30. Já a engenharia automotiva flex fuel permite operar com diferentes composições de combustível, viabilizando a adoção do E30 sem prejuízos à frota existente.
A infraestrutura logística nacional também é uma aliada: o Brasil possui uma rede de distribuição consolidada, apta a lidar com combustíveis de maior teor alcóolico. Do lado da oferta, a indústria sucroenergética já conta com uma capacidade instalada suficiente para atender ao aumento da demanda.
Benefícios econômicos e ambientais
A introdução do E30 é uma das formas mais acessíveis para acelerar a redução de emissões no transporte terrestre. O etanol reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa em comparação com combustíveis fósseis, o que reforça sua importância na transição para uma economia de baixo carbono. Além dos ganhos ambientais, a medida atrai investimentos, gera empregos e fortalece cadeias produtivas do agronegócio e da bioenergia.
Para consolidar o E30, é fundamental a colaboração entre montadoras, produtores de etanol e formuladores de políticas públicas. O Brasil tem a vantagem de contar com uma matriz energética diversificada. O etanol – seja no E30 ou no E100 – é um pilar essencial dessa estratégia.
O E30 representa uma oportunidade real de avançarmos na transição energética, reduzir emissões e reforçar a liderança brasileira em soluções sustentáveis para a mobilidade. O momento de avançar é agora.
*Evandro Gussi, CEO da UNICA e membro do Conselho do Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB).