MBCB | Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil

Descarbonização dos pesados

4 de setembro de 2024

Tecnologias emergentes para a eficiência energética de veículos pesados. A descarbonização destes veículos é tópico de preocupação mundial

Publicação: Cargas e Transportes
Autor: André Ferrarese, coordenador do comitê de pesados e máquinas do MBCB (Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil)


O processo de descarbonização dos veículos pesados é tópico de preocupação mundial. Esses veículos que demandam grande torque para suas operações encontram no diesel, o combustível preferencial. Por sua vez, o caminho da descarbonização não é só feito pelo potencial de descarbonização, mas dos respectivos aspectos econômicos e necessidade de infraestrutura dos diferentes energéticos. O uso de biocombustíveis no Brasil é um caminho promissor por conta da nossa vocação no agronegócio.

A atual solução de mistura de biodiesel no diesel éinteligente, pois aumenta gradualmente o poder descarbonização enquanto organiza a cadeia para que se controle o impacto econômico da solução. Ainda esse tipo de solução tem potencial de descarbonizar toda à frota e não só os veículos novos ou convertidos para o novo energético. O aumento dessa mistura acima de 20% requer reorganização e especificação no processo de armazenamento e distribuição do combustível.

Outra oportunidade de descarbonização com biocombustível é o biometano, que é de origem de resíduos das cidades e do campo. Além de evitar a emissão de metano para a atmosfera, a captura e queima do biometano é estratégica para uma descarbonização dupla. Para equilibrar desafios de logística, é possível no mesmo motor operar biometano e gás natural.

Já a eletrificação é ponto crítico na consideração de pesados. A hibridização com biocombustível é inteligente em aplicações urbanas como ônibus e veículos de última milha. Já para pesados, onde não há benefícios na hibridização, o aumento do peso do veículo por conta da maior quantidade de baterias acaba limitando a capacidade de carga o veículo.

Além do custo maior do veículo, há o desafio dos sistemas e opções de carregamento das baterias, e por fim o desafio de durabilidade que pode acarretar custos extras tanto reduzindo preço de revenda como equiparação em vida útil com as soluções conhecidas em combustão. Por fim, a motorização com hidrogênio é um caminho interessante, dada a posição estratégica do Brasil para esse energético.

O hidrogênio pode ser usado tanto em célula de combustível como em motor de combustão interna. A possibilidade de o Brasil ser um dos primeiros países de alcançar custo equivalente do hidrogênio ao gás natural em futuro próximo, pode viabilizar o uso como competitivo em custo além do potencial de descarbonização. Certamente, o futuro será eclético em termos energéticos e cada região terá maior ênfase nas suas vocações mais pertinentes.

E para isso não só soluções de alta eficiência energética estarão em análise, mas especialmente aquelas de alta competitividade para ganhar escala e acelerar o processo de descarbonização.